News
News AHK

Setor de óleo e gás alavanca investimentos em inovação para acelerar a transição energética

21/11/2023

TotalEnergies aplica R$411 milhões em 80 projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil, sendo que quase 50% do total está direcionado para novas energias e redução de emissões

Em agosto de 1998, a Petrobras firmou com a recém-criada Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) 397 contratos de concessão referentes a 115 blocos exploratórios, 51 para áreas de desenvolvimento e 231 campos de produção.

Os acordos incluíam uma cláusula que se mostraria fundamental para garantir investimentos elevados e previsíveis em inovação. Ao concordar com os termos, as empresas se comprometiam a investir 1% da receita bruta dos campos com grande produção ou grande rentabilidade em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I).

A chamada “cláusula do 1%” acaba de completar 25 anos. E há muito a celebrar, aponta Raphael Moura, superintendente de Tecnologia e Meio Ambiente da ANP. “Em 2022, alcançamos o marco de R$ 4,4 bilhões de investimentos em PD&I como resultado da cláusula. E a tendência para 2023 é de crescimento”.

São recursos voltados para 1.034 centros de pesquisa credenciados junto à ANP. Eles pertencem a 186 instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico com sede e administração no país. O valor também pode ser dedicado à formação de mão-de-obra especializada.

“É uma forma de garantir que as empresas, nacionais ou multinacionais, que atuam em óleo e gás no Brasil, deixem como legado a formação de um ecossistema de pesquisa, desenvolvimento e inovação, que impacta positivamente inclusive em outros setores da economia”, aponta Moura. “Depois de um longo período de foco em pesquisa básica com os recursos da cláusula”, ele avalia, “mais recentemente temos visto também o setor diversificar a aplicação de recursos, buscando desenvolver plantas-piloto e protótipos, entre outras iniciativas de pesquisa aplicada”.

Inovação em fontes renováveis


É nesse contexto que a indústria do petróleo vem se transformando a partir dos investimentos em tecnologia e inovação de projetos voltados para fontes de energias renováveis. “A indústria não abre mão de seu papel de prover segurança energética ao longo do período da transição, ao mesmo tempo em que se compromete a reduzir suas emissões em toda a cadeia de valor”, aponta Roberto Ardenghy, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

“O setor vem investindo fortemente no desenvolvimento de projetos, soluções e tecnologias em energias renováveis ao longo dos anos. O processo de transição energética permitirá a convivência entre diferentes fontes de energia seja óleo e gás, solar, eólica, biocombustíveis e elétrica”, argumenta.

US$ 1 bilhão por ano


Atenta a esse movimento, a empresa multienergética TotalEnergies, com operação em 130 países e quase 100 anos de história, tem dedicado importantes investimentos às iniciativas de PD&I. Em termos globais, a companhia, que produz e comercializa energias — petróleo e biocombustíveis, gás natural e gases verdes, renováveis e eletricidade —, investe US$ 1 bilhão por ano em PD&I, mobilizando mais de 3,5 mil funcionários em 18 centros de pesquisa de várias regiões do mundo.

O protagonismo em inovação é reconhecido pela produção expressiva de patentes: a plataforma global de análise de patentes Cipher classifica a TotalEnergies como líder em inovação na categoria Energia, que abrange áreas de tecnologia específicas para a transição energética. Entre 2019 e 2022, a companhia registrou quatro vezes mais patentes para tecnologias de transição energética do que todas as maiores organizações de petróleo e gás somadas.

Em 2022, 58% do investimento global da empresa em PD&| se concentrou em novas energias (eletricidade renovável, novas moléculas), baterias e redução no impacto ambiental (metano, CCUS, água, biodiversidade etc.) em comparação com menos de 30% em 2017. Até o final de 2023, a expectativa é chegar a 65%.

Brasil em alinhamento com a estratégia global


Em solo nacional, a TotalEnergies investe R$ 411 milhões em 80 projetos assinados de pesquisa, desenvolvimento e inovação no país. A partir de 2021, os investimentos em renováveis da empresa, que está há quase 50 anos no país, foram fortalecidos. Atualmente, cerca de 50% dos projetos da TotalEnergies em PD&I no Brasil estão voltados ao segmento de novas energias e redução de emissões.

Tudo isso foi possível desde que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) publicou a resolução n° 2/2021, que orientava a ANP a priorizar a destinação dos recursos de PD&| a temas ligados à transição energética. "Antes havia certa insegurança a respeito do enquadramento de investimentos em energia renovável e alternativas de baixo carbono na cláusula do 1%. A mudança proporcionou segurança jurídica para o setor", informa Raphael Moura, da ANP.


A TotalEnergies segue adiante com a meta de ser protagonista mundial na transição energética e estar entre os 5 maiores produtores mundiais de eletricidade a partir de energia eólica e solar, assegura Charles Fernandes. "Os investimentos em PD&| possuem um papel importante nesta ambição para assegurar avanços tecnológicos que serão necessários para desenvolver uma indústria competitiva para renováveis e novas moléculas".

Redução de emissões em óleo e gás


"O segmento de petróleo e gás tem um papel relevante no financiamento da transição energética. Mas é fundamental garantir que as energias com base em combustíveis fósseis operem de forma responsável", reforça Charles Fernandes. É por esse motivo que os projetos de PD&| da empresa nas áreas de óleo e gás focam em redução de custos de operação e do nível de emissões. Entre as tecnologias que contribuem neste contexto, a TotalEnergies investe em eletrificação de campos submarinos em substituição aos sistemas hidráulicos, eletrificação de poços e o desenvolvimento de processamentos submarinos inteligentes para a otimização das plantas de superfície.

"Não podemos esquecer que projetos de óleo e gás têm produção decrescente, à medida que os reservatórios vão sendo utilizados. Para que eles continuem sendo competitivos e viáveis, é preciso inovar para reduzir custos a fim de assegurar a produção por mais tempo", completa Fernandes. 

Duas iniciativas inovadoras nesta direção se destacam, afirma. "Este ano, no Campo de Lapa, recebemos o drone do Projeto AUSEA, sigla que representa em português Espectrômetro Ultraleve Aerotransportado para Aplicação Ambiental, desenvolvido pela TotalEnergies e que monitora com um grau inédito de precisão os níveis de emissões de gases poluentes durante as operações"


Outro exemplo é a Embarcação de Transferência de Carga (conhecida pela sigla CTV), desenvolvida no Brasil em parceria com a empresa Sealoading, que elimina a necessidade de uma jornada do navio-tanque e garante não apenas uma redução de riscos e custos, mas também a diminuição das emissões de CO2.

Parcerias com universidades


Para a TotalEnergies, o Brasil possui um grande potencial em pesquisa e desenvolvimento no meio acadêmico. "Acreditamos no valor do conhecimento gerado pelas universidades e queremos ser atores na aproximação da indústria com o meio acadêmico", reforça Isabel Waclawek, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da TotalEnergies Brasil, que lembra a importância da cláusula de 1% da ANP como uma oportunidade para o desenvolvimento da indústria. "A regulamentação de investimentos em pesquisa e desenvolvimento já viabilizou, no Brasil, significativas conquistas tecnológicas, com importantes consequências econômicas e estratégicas", completa.


Novos convênios em renováveis foram assinados em junho deste ano pela empresa com 3 importantes universidades brasileiras. Destacam-se seis projetos desenvolvidos com a  Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 11 com a Universidade de São Paulo (USP) e sete junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A parceria firmada com a Unicamp conta com investimentos de R$ 23 milhões que serão destinados para o desenvolvimento de tecnologias digitais, incluindo inteligência artificial, digital twins (ou sistemas gêmeos digitais, na tradução literal) e blockchain (cadeia de blocos de dados, na tradução literal).


Com a USP, foram alocados R$ 80 milhões. Dentre os programas, destaca-se uma pesquisa que avalia a combinação de usinas fotovoltaicas com agricultura e captura de CO2, em linha com os compromissos da Total Energies com a sustentabilidade e responsabilidade nas regiões em que atua. Já na UFRJ, os projetos contam com R$ 31 milhões e abrangem dois temas principais: sistemas híbridos (energia solar, eólica, hidrogênio e baterias) e geração eólica offshore.

Fonte: Valor Globo