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Hanno Erwes, da AHK Rio: foco no H2 verde e transição energética

16/12/2022

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro completa 106 anos atuando na criação de oportunidades de negócios entre os países e vê país como protagonista global do novo energético

PEDRO AURÉLIO TEIXEIRA, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DO RIO DE JANEIRO

Completando 106 anos de atuação, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro, a AHK Rio, tem buscado ao logo desse período criar oportunidades de negócios entre os dois países. Considerando o Rio de Janeiro como ‘centro de geração e transformação de todos os tipos de energia’, o diretor executivo Hanno Erwes em entrevista à Agência CanalEnergia vê no hidrogênio verde um nicho de muitas oportunidades e promete pra 2023 em evento dedicado ao tema. Em 2021, a Câmara elaborou um mapeamento desse setor no Brasil e aposta em mais negócios com renováveis nos próximos anos.

Agência CanalEnergia: Como tem sido a atuação da AHK Rio na área de energia ao longo desses 106 anos?

Hanno Erwes: Por ser situada na cidade de Rio de Janeiro, o centro de geração e transformação de todos os tipos de energia, a AHK Rio também trabalha este tema muito forte. É a parceira oficial na transição energética brasileira, conectando pessoas, desenvolvendo ações e criando oportunidades de negócios para empresas brasileiras e alemãs interessadas nas temáticas. O nosso time desenvolve e executa projetos, agregando empresas e instituições da sociedade civil a oportunidades de financiamento, por meio do intercâmbio bilateral de tecnologias ambientais. Mediamos soluções para o setor privado, com foco em eficiência energética, energias renováveis, hidrogênio verde e ESG.

Temos uma tradicional parceria de sucesso com a Agência de Cooperação Internacional da Alemanha (GIZ) com a qual trabalhamos principalmente na área de energia, promovendo energias renováveis e, nos últimos anos, o tema de hidrogênio verde que trouxe para a AHK Rio uma posição de referência neste tema no Brasil.

Além disso, temos uma forte atuação na formação profissional, que é um dos pilares de desenvolvimento da economia alemã. A nossa equipe de Formação Profissional promove cursos exclusivos, com grandes e reconhecidos parceiros, nacionais e internacionais, para que a conexão Brasil-Alemanha traga ao público brasileiro treinamentos com alto nível de excelência, formando profissionais preparados para atender necessidades atuais e futuras do mercado na área de energia, através de Pós-Graduação em Gestão Eficiente de Energia- EUREM – European Energy Manager, em parceria com a Coppe/UFRJ e cursos como o de Hidrogênio e Transição Energética, realizado em parceria com especialistas do Gesel/UFRJ.

Em 2023, realizaremos a feira Hydrogen Expo South America, que acontecerá nos dias 20 e 21 de junho no Rio de Janeiro como um dos primeiros eventos na América Latina integralmente dedicado ao setor de hidrogênio e tecnologias PtX, que é uma tecnologia que converte energia renovável gerada por usinas fotovoltaicas ou eólicas em outras fontes de energia.

Agência CanalEnergia: Quais são as maiores demandas do mercado brasileiro e das empresas alemãs?

Hanno Erwes: O Brasil é um país de muitas oportunidades e com o potencial de desenvolvimento de diferentes setores. O aniversário de 106 anos da AHK Rio mostra a grande tradição que a indústria alemã tem no Brasil. Neste sentido existem muitas áreas onde empresas buscam oportunidades no Brasil. Energias Renováveis, Hidrogênio Verde, Digitalização, Construção Civil, Infraestrutura e Saneamento são somente alguns exemplos de áreas, fora as mais conhecidas como a indústria automobilística e química, que já têm destaque.

A grande missão da AHK Rio é promover a prospecção de novas relações comerciais para associados, mantenedores e parceiros, com geração de oportunidade de negócios e troca de tecnologias entre Brasil e Alemanha. E é com esse foco que o departamento de Entrada no Mercado e Desenvolvimento de Negócios mapeia oportunidades para contribuir para o desenvolvimento econômico e a consolidação de negociações bilaterais. Com as missões técnicas os nossos clientes podem conhecer em profundidade o mercado-alvo e realizar as primeiras tratativas comerciais.

Neste novo contexto mundial, são prioridades as políticas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, a o mesmo tempo que definem ações estratégicas para a diversificação acelerada das matrizes energéticas em direção às fontes renováveis. Para atender esses objetivos, os mercados que evitam riscos de desabastecimento de energia, mitigam os impactos dos altos preços de energia e priorizam a ampliação das fontes renováveis na matriz energética, são mais demandados.

Agência CanalEnergia: Há uma grande interação entre Brasil e Alemanha no setor elétrico na área de cooperação técnica e de formulação de políticas. Como isso se replica na atuação da Câmara AHK Rio?

Hanno Erwes: A AHK Rio é parceira em conduzir, coordenar e gerenciar projetos específicas com o setor privado para a transição energética e transformação industrial no Brasil, sendo um dos principais executores de programas da GIZ que desenvolve parcerias estratégicas, bem como recomendações para o diálogo político entre Brasil e Alemanha para o desenvolvimento dos mercados.

Em 2021, a AHK Rio desenvolveu um estudo de mapeamento do setor de hidrogênio verde no Brasil onde entrevistou mais de 100 empresas sobre o tema e mostrou as tendências globais no assunto. O estudo foi desenvolvido no âmbito da Parceria Energética Brasil-Alemanha, coordenado pelo Ministério Federal da Economia e Ação Climática da Alemanha, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética, virando uma referência para o governo sendo mencionado nas diretrizes do Programa Nacional de Hidrogênio PNH2.

A atuação no elo entre a indústria e o governo continua sendo desenvolvida em um outro programa onde participantes como executivos de negócios, instituições de pesquisa e universidades, que atuam direta ou indiretamente na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias do hidrogênio verde, puderam avaliar e identificar instrumentos para fortalecer a cadeia do hidrogênio, juntamente com o aprofundamento do diálogo e da cooperação com contribuições de diferentes setores da economia.

No âmbito do programa H2 Brasil que tem como objetivo apoiar o país na implementação de uma economia de hidrogênio verde, a AHK Rio firmou, junto com a AHK São Paulo, a Aliança Brasil Alemanha de Hidrogênio Verde e trabalha em projetos de inovação e disseminação onde leva o assunto de hidrogênio verde para o ecossistema de inovação e para o público em geral.

"Hanno Erwes, da AHK Rio:  grande missão da Câmara é promover prospecção de novas relações comerciais com geração de oportunidade de negócios e troca de tecnologias entre Brasil e Alemanha"

Agência CanalEnergia: Como tem sido o trabalho de aproximação da AHK Rio frente as novas tecnologias como eólicas offshore e o hidrogênio verde? Quais as expectativas da Câmara perante esses novos mercados?

Hanno Erwes: A AHK Rio introduziu o tema de hidrogênio verde no mercado brasileiro em 2019 quando realizou o primeiro evento, o Green Hydrogen Lab. Desde então a organização se tornou referência no mercado por trazer expertise técnica e disseminando a posição alemã/europeia sobre o tema. O Brasil, na sua tradicional vocação de exportador de comodity, pode se tornar um grande protagonista global e vai ter a AHK Rio como um parceiro firme identificando oportunidades de negócios e promovendo conexões através do portal de hidrogênio verde.

Tendo a Energiewende, tradução de Transição Energética, como o principal foco da política alemã e considerando a realidade brasileira, o departamento de Inovação, Energia e Sustentabilidade investe no desenvolvimento de parcerias e projetos que entreguem meios e processos que favoreçam a transição energética global. Os projetos prioritários focam em temas como: Energia, ESG, Hidrogênio Verde e Inovação.

A Aliança Brasil-Alemanha pelo Hidrogênio Verde foi criada em agosto de 2020 para promover parcerias e oportunidades de negócios entre empresas e instituições brasileiras e alemãs. Desde então, tem promovido diferentes ações para impulsionar o desenvolvimento das tecnologias do hidrogênio verde e PtX no Brasil, tais como estudos setoriais, eventos, workshops, hackathons.

Agência CanalEnergia: De que forma a modernização do setor elétrico brasileiro – em vias de ser aprovada e que trará entre outras coisas a abertura do mercado – pode viabilizar negócios?

Hanno Erwes: As propostas de modernização podem viabilizar novos negócios à medida que oferece oportunidade de participação de novos empreendedores, geração de empregos e também diversificação de serviços. Contanto que seja regularizada e baseada em demandas do mercado, as modernizações irão contribuir para maior democratização, com acesso justo, limpo e diversificado de energia elétrica.

Agência CanalEnergia: Acredita que o incremento na transição energética vai intensificar os negócios entre os dois países no setor elétrico?

Hanno Erwes: Acredita-se que priorizar estes temas é o caminho que irá construir oportunidades de investimento, considerando também a descarbonização das economias e processos de produção. A demanda por fontes de energia sustentáveis que mitiguem os efeitos da mudança climática são a grande tendência do setor energético global.

Em confluência com as tendências globais e com as oportunidades de criação de novas parcerias e negócios, os projetos relacionados ao Hidrogênio Verde e tecnologias PtX, a AHK Rio fortalece o ecossistema brasileiro de pesquisa, desenvolvimento, inovação e empreendedorismo em Hidrogênio Verde & PtX, criando soluções para geração, distribuição e aplicação – contribuindo assim para o desenvolvimento de uma economia de Hidrogênio Verde no Brasil. Os nossos esforços e dos parceiros, nesta jornada, abastecem o mercado nacional com informações, estudos, debates e ações concretas para validar o alto potencial que o Brasil tem de Hidrogênio Verde e PtX.

Agência CanalEnergia: Qual a perspectiva que o novo governo traz para a AHK Rio na área de energia? Quais as metas em 2023?

Hanno Erwes:  O papel da AHK Rio é promover intercambio entre as indústrias e empresas dos dois países. Neste sentido atua independente de qualquer governo. O que direciona a nossa atuação é o desenvolvimento do setor de energia em geral, conectando oportunidades, pessoas e promovendo debate de temas pioneiros no setor de energia, através da representação bilateral entre o Brasil e a Alemanha, que trabalham juntos para apoiar e diversificar o fornecimento de energia sustentável, seguro e acessível, além de melhorar a eficiência energética dos dois países.

Acreditamos que as afirmações dos compromissos do acordado de Paris, orientados pela busca da descarbonização da economia global, investindo nas oportunidades criadas pela transição energética, com investimentos em energia eólica, solar, hidrogênio verde e bicombustíveis, representam um potencial enorme para o desenvolvimento socioeconômico do país e principalmente da região do Nordeste deve ser uma prioridade natural do governo brasileiro investindo na criação de uma economia de baixo carbono, e consequentemente em energias renováveis e ações sustentáveis.

Sendo assim, a perspectiva é de maior expansão de negócios e promoção do uso das energias renováveis. Para a AHK Rio, será uma oportunidade de finalizar projetos que já estão em andamento com êxito e criar outros que também estejam alinhados com o movimento global de descarbonização.

Fonte: Canal Energia