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Brasil pode zerar emissão de CO² com o hidrogênio verde em 2030

24/11/2023

O hidrogênio pode substituir o petróleo em todas as aplicações e contribuir com o processo de descarbonização na indústria e nos transportes.

O Observatório do Clima, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), apontou que apenas em 2021, o volume de emissão de gases de efeito estufa emitido pelo Brasil cresceu 12,5% e atingiu 2,4 bilhões de toneladas brutas, maior valor desde 2003, em decorrência, sobretudo, da amplificação do desmatamento.

Mas se as florestas forem preservadas, o País pode se tornar neutro na emissão de gases a partir de 2030, ano em que o hidrogênio verde será produzido em escala, servirá como mais uma fonte de energia e terá aplicações na indústria com potencial de tornar diversas cadeias completamente sustentáveis.

A afirmação é de Thiago Lopes, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), cujo centro de pesquisa está construindo uma estação, em estágio avançado, de abastecimento de energia a hidrogênio em São Paulo.

O professor explica que o uso do hidrogênio como fonte de energia e uso industrial não é novo. Além de pesquisas para empregá-lo como combustível, o recurso também é demandado pela indústria no processo do refino do petróleo, na produção de fertilizantes hidrogenados e na manufatura.

Porém, a universidade trabalha na ampliação do uso do hidrogênio verde, tendo em vista o potencial de substituir todas as aplicações em que o petróleo, hoje, é empregado.

“É uma questão de ampliação de uso do hidrogênio, até mais no setor industrial. Digamos que estamos em uma etapa em que estamos ganhando escala do hidrogênio sustentável. Uma vez em que o tivermos a um custo competitivo, passamos a ampliar as aplicações desse hidrogênio no mercado. Vejo que, ao final dessa década, tenhamos já um preço bem mais competitivo e maior penetração de mercado desse hidrogênio”, estima o pesquisador.

Aplicações

No setor dos transportes, segundo Lopes, o hidrogênio como combustível será usado majoritariamente na frota de caminhões e ônibus, diante do maior rendimento em comparação aos veículos abastecidos com combustíveis fósseis. “O hidrogênio tende a ser mais vantajoso para veículos pesados e quilometragem diária maior. Então, estamos olhando para um futuro em que muito provavelmente teremos veículos elétricos pequenos movidos a baterias e veículos elétricos maiores movidos a hidrogênio.”

Na indústria, o hidrogênio verde ganha relevância no processo de descarbonização da produção do aço e da amônia, esta última que serve de matéria-prima para a fabricação de fertilizantes, produtos plásticos, produtos de limpeza e explosivos. 

Outra vantagem oferecida pelo hidrogênio verde é a possibilidade de estocar energia por meses e até anos a custos competitivos.  

Industrialização

Além de tornar o país neutro em emissão de gases de efeito estufa, o desenvolvimento da produção e aplicação em escala do hidrogênio verde pode impulsionar o processo de reindustrialização do País e atrair colaborações internacionais, em vez de fazer o que Thiago Lopes chama de tropicalização da tecnologia. 

“Ao desenvolver a indústria no contexto nacional, criamos um ecossistema ao redor daquele tipo de indústria que promove um desenvolvimento socioeconômico muito maior, superior ao do pré-sal, porque é um recurso infinito”, afirma o professor da USP. 

O desenvolvimento deste ecossistema é importante para o País ainda para frear o processo de exportação de pesquisadores talentosos, que não encontram no País oportunidades competitivas de trabalho. 

Fonte: Jornal GGN