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‘UERJ no Campo’ auxilia produtores rurais no Sul Fluminense com dispositivos sustentáveis e energia renovável

15/04/2024

Um projeto de extensão da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) leva os estudantes de Engenharia da Faculdade de Tecnologia (FAT), do campus regional de Resende, para auxiliar produtores rurais nos desafios do trabalho agropecuário no Sul Fluminense. Coordenado pelo professor Luiz Carlos Cordeiro, do Departamento de Mecânica e Energia da FAT, o “Uerj no Campo” tem a proposta de combinar a experiência dos trabalhadores rurais com os conhecimentos adquiridos pelos alunos em sala de aula.

Além de consultoria, realização de oficinas e oferta de instruções para compra de materiais e montagem de dispositivos tecnológicos, Cordeiro e seus alunos também constroem equipamentos no laboratório e nas propriedades visitadas. Dentre as máquinas elaboradas pela equipe estão um coletor solar itinerante, utilizado para aquecimento de água; um pluviômetro manual e outro automatizado com a plataforma de prototipagem eletrônica Arduino; e um totem de energia de baixa potência, equipado com placa fotovoltaica, que permite recarregar eletrônicos como celulares, tablets e notebooks, ou até três lâmpadas de led em situações emergenciais.

O estudante Amyr Saraiva Massari, do 7º período do curso de Engenharia Mecânica na FAT, participa do Laboratório de Motores Hidráulicos e Pneumática, coordenado por Cordeiro, desde seu ingresso na Universidade, em 2019, o que permitiu ver o surgimento do projeto. “Pude participar do desenvolvimento de todos os equipamentos e o que mais gosto é o coletor solar porque tem vários propósitos. Ele desmistifica o uso de energia renovável para o produtor rural – é um equipamento de baixo custo de aquisição, que permite, por exemplo, o aquecimento de água mesmo sem energia elétrica, que pode ser usada para higienização nas rotinas de produção daquela propriedade, entre outras utilidades”, afirma.

Tecnologia desidrata alimentos com baixo custo

No momento, os participantes do projeto desenvolvem um desidratador de alimentos energizado por placa coletora solar, com menor risco de contaminação, por não depender da queima de biomassa para geração de calor, como madeira e palha, o que produziria fumaça. Ainda em fase de testes, o dispositivo foi capaz de desidratar banana, fruta abundante da região, tomate, couve e temperos como salsinha e cebolinha.

“A ideia é fazer um desidratador de baixo custo. Em princípio, funciona apenas com a energia solar, mas sabemos que o grande inimigo é a umidade da noite. Por isso, planejamos colocar uma lâmpada incandescente dentro da caixa. Um estudante está trabalhando com um microprocessador para gerenciar o objeto por meio de um sensor de leitura da umidade. É uma tecnologia original”, explica Luiz Cordeiro. 

Com a ajuda do Sindicato Rural de Resende, desde 2019, Cordeiro e seus alunos conseguiram estabelecer o contato direto com cerca de 20 produtores da região, que interagem com a equipe por videoconferências e mensagens pelo WhatsApp. Dentre esses contatos, o grupo visitou propriedades em Resende, Porto Real e Itatiaia, onde contribuíram com o levantamento e resolução de problemas.

“O pessoal que vive no campo improvisa, tem ideias e propostas, mas, às vezes, não tem o embasamento técnico. Vai pela tentativa e erro. Então, juntamos essa experiência do dia a dia dos produtores com os conhecimentos adquiridos pelos alunos. E foi muito legal também para os estudantes, porque eles passaram a desenvolver sua expressividade verbal e oratória, assim como habilidades de negociação, empatia, disciplina e gestão”, relata o engenheiro.

Para Massari, há um senso comum de que os engenheiros se voltam apenas para a área industrial como objetivo profissional, mas o projeto permitiu visualizar outras possibilidades no mundo do trabalho. “O agronegócio brasileiro é a espinha dorsal da economia, então faz sentido ter uma perspectiva diferente das fábricas e trabalhar diretamente com a população rural”, acrescenta. 

Com o trabalho realizado, a equipe conquistou o respeito da cooperativa e dos produtores agropecuários, que convidaram o professor e seus estudantes para falarem sobre a proposta do Uerj no Campo e seus equipamentos durante o evento em comemoração ao Dia do Agricultor, em 28 de julho do ano passado, que reuniu cerca de 150 trabalhadores da região.

Fonte: UERJ